| GOIABAS “SIAMESAS” 
			Francisco Ricardo Ferreira As deformações que ocorrem em frutos, por quaisquer que sejam as causas, geralmente são depreciativas, ou seja, prejudicam os frutos, principalmente no aspecto de aparência e conseqüentemente refletindo de forma negativa na sua comercialização. Neste caso das goiabas “siamesas” há que se destacar a raridade com que essa anomalia ocorre e também o aspecto de curiosidade. De acordo com Pinto & Genu (1981) citando outros autores, esse fenômeno já foi descrito em maçã, mamona e manga. Porém, essa anomalia embora rara, ocorre com mais freqüência em frutos de banana e café. Pinto & Genu (1981) explicam que na formação de frutos anormais (grudados) de manga ocorre a fusão de dois frutos no estádio inicial de desenvolvimento, podendo esses frutos fundidos se desenvolverem de maneira uniforme, chegando ao final com tamanhos e formatos idênticos, ou um se desenvolver mais rapidamente que o outro, resultando em uma composição com um fruto grande e outro pequeno. De qualquer forma, deduz-se que o ponto comum neste tipo de anomalia, refere-se ao fato de que os frutos anormais são originários de inflorescências compostas de flores pequenas e próximas, o que obviamente facilita o fenômeno da fusão. No caso das goiabas “siamesas”, em evidência, nota-se que os frutos fusionados (Figura 1) apresentam tamanhos ligeiramente diferentes um do outro e também o estádio de maturação é algo diferenciado. No entanto, os aspectos da polpa e das sementes são idênticos em ambos os frutos (Figuras 2 e 3). 
 Acompanhou-se a germinação das sementes destes dois frutos. Cem sementes de cada um deles foram retiradas e limpas. A germinação foi realizada em papel germiteste úmido mantido a temperatura alternada de 20°C no escuro por 12 horas e 30°C sob luz por 12 horas. A germinação iniciou-se 16 dias após a semeadura e estendeu-se por mais 15 dias. Todas as sementes germinaram e produziram plântulas normais. Esses frutos foram colhidos pela Senhora Águida Maria Alves Fontes numa goiabeira existente na chácara de sua propriedade e do seu esposo, Senhor Newton José Nogueira Fontes, localizada no Condomínio Solar de Brasília, Conjunto 6, Casa 26, cujas coordenadas são: 15º51’28,1’’ de latitude Sul e 047º48’43,2’’ de longitude Oeste, e 1107 metros de altitude (Figura 4). 
 No vocábulo popular, essa anomalia que ocorre quando os frutos se formam pregados um ao outro, ou seja, “gêmeos”, é conhecida como fruto inconho ou fruto felipe e está relacionado a uma série de crendices bastante curiosas. Quando se encontra, por exemplo, um “café felipe” é dito que isso dá sorte, e após receber algo inusitado, conseqüência da “sorte”, deve-se passar o “café felipe” adiante para que surta o mesmo efeito na pessoa que o receba. Já para o caso de fruto que se come in natura, como é o caso da goiaba, recomenda-se: “não se deve comer banana (ou outra fruta) inconha; quem assim fizer arrisca-se, casando-se, a ter filhos gêmeos” (Araújo, 1957). Há ainda a crença de que se uma mulher comer fruta inconha, sendo estéril, imediatamente engravidará. Referências Araújo, A. M. Ciclo agrícola, calendário 
			religioso e magias ligadas as plantações. (1º Premio Mario de 
			Andrade, 1950). Gráfica da Prefeitura Municipal de São Paulo, 1957.
			 Francisco Ricardo Ferreira 
			possui graduação em Agronomia pela Universidade Estadual 
			Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Departamento de Produção 
			Vegetal (1975), mestrado em Agronomia (Fitotecnia) pela Universidade 
			Federal de Lavras - UFLA (1977) e doutorado em Agronomia (Produção 
			Vegetal) pela UNESP (1990). Atualmente é curador de germoplasma de 
			espécies frutíferas do Centro Nacional de Pesquisa de Recursos 
			Genéticos e Biotecnologia e pesquisador III da Embrapa Recursos 
			Genéticos e Biotecnologia, Brasília-DF. Tem experiência na área de 
			Agronomia, com ênfase em Melhoramento Vegetal, atuando 
			principalmente nos seguintes temas: germoplasma, variedades, 
			recursos genéticos, variabilidade e abacaxi. 
 
			Juliano Gomes Pádua possui 
			graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (1999) e 
			doutorado em Agronomia (Genética e Melhoramento de Plantas) pela 
			Universidade de São Paulo (2004). É pesquisador da Embrapa Recursos 
			Genéticos e Biotecnologia, Brasília-DF. Tem experiência na área de 
			Conservação de germoplasma a longo prazo, Genética, com ênfase em 
			Marcadores Moleculares, atuando principalmente nos seguintes temas: 
			fruticultura, maracujá, genética de populações, marcadores 
			moleculares, diversidade, mapeamento genético, mapeamento de QTL, 
			Eucalyptus, DNA barcode, filogenia e microssatélites. 
					 Dados para citação bibliográfica(ABNT): FERREIRA, F.R.; PÁDUA, J.G. Goiabas “siamesas”. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_1/Goiaba/index.htm>. Acesso em: Publicado no Infobibos em 27/02/2008 |