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Métodos de detecção de insetos-praga em grãos armazenados

Patrícia Menegaz de Farias

A necessidade crescente de produtos para suprir a demanda mundial de alimentos, tendo em vista o crescimento populacional, exige que a qualidade do grão colhido na lavoura seja mantida com o mínimo de perdas até o consumo final (LORINI, 2009).  Diante disso, uma descoberta em tempo hábil do ataque de insetos constitui um elemento de grande importância para o combate da praga e da conservação do grão (LOECK, 2002).

Elias et al (2008) relata que atualmente se dispõe de diversos tipos de armazenamento de grãos, contudo em todos há danos ocasionados por pragas. Remete a um dado estatístico referente às perdas anuais causadas pela infestação de insetos e outros artrópodes, as quais são estimadas em 2 bilhões de dólares, valores calculados em função da perda de peso e/ou volume.

De acordo com Barberato (2001) as perdas médias de grãos no Brasil, estimadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Companhia Nacional de Abasteciomento e Food and Agriculture Organization são de aproximadamente 10% do total que é produzido anualmente. Dependendo do ano safra isso representa cerca de 8,5 milhões a 9 milhões de toneladas, porém as perdas em qualidade podem ser ainda maiores, uma vez que comprometem o uso do grão ou o classificam para uso com  menor valor agregado.

A questão do controle de insetos em uma unidade armazenadora de grãos deve iniciar por ocasião da recepção, onde se deve verificar o nível de infestação por insetos, a temperatura da massa de grãos, a presença de fungos e, a contaminação por roedores e pássaros, além dos testes de rotina a serem realizados (ELIAS et al, 2008).

Seja qual for o tipo de método usado para a detecção de insetos, a interpretação dos dados é fundamental para seu uso efetivo, pois as variáveis ambientais, atrativos alimentares e feromônios afetam diretamente o comportamento dos insetos e consequentemente têm influência na eficiência de métodos de monitoramento (WRIGHT; HAGSTRUM, 1990 apud PEREIRA; SALVADORI, 2008).

Loeck (2002) escreve que: “o valor do produto está diretamente relacionado com o nível de contaminação por pragas. Desta maneira, estabelecer os níveis de danos econômicos torna-se limitado para a determinação do nível de infestação, visto que a maior parte dos insetos-praga permanece a maior parte de seu ciclo de vida no interior do produto”.

Segundo Elias et al (2008) para se ter sucesso na unidade armazenadora de grãos o primeiro passo é a limpeza completa do local de armazenamento e dos equipamentos existentes, bem como a eliminação de frestas e possíveis abrigos para insetos. Após o processo de limpeza é necessário realizar uma pulverização e/ou nebulização do local e dos equipamentos ali existentes.

Apesar disso, Loeck (2002) relata que há técnicas e procedimentos que ajudam na detecção e avaliação de infestações através de amostragens periódicas, tais como: exame na recepção, exame na pré-limpeza, observações visuais no armazém e no produto, armadilhas físicas, armadilhas com feromônios, monitoramento da temperatura, amostragens regulares com sondas e caladores e, ainda uma avaliação da infestação interna das amostras retiradas da massa armazenada através de flotação, corantes e raios-X.

Para Loeck (2002) e Elias et al (2008) a amostragem é um processo pelo qual se determina as características de uma população de pragas, tais como: densidade ou número de espécies ocupando uma área, dispersão ou agrupamento de indivíduos no espaço, modificações das taxas de nascimento ou morte, número relativo de vários estágios dos insetos e alterações do número de insetos ao longo do tempo.

Porém ambos os autores citados relatam que é necessário antes de iniciar a amostragem traçar os objetivos e as propostas para o conhecimento da área que precisa ser amostrada. Além disso, o tipo de amostragem a ser adotado, o procedimento e o tipo de análise de dados, sendo que os locais de amostragem devem ser representativos da população.

De acordo com Elias (2008) os equipamentos para amostragem além dos caladores, sondas podem ser utilizados: peneiras manuais e mecânicas, marcadores com tinta fluorescente, tubos concêntricos, copo pelicano, sensores acústicos e, armadilhas removíveis.

Para amostras realizadas por caladores e sondas, as mais comuns, Puzzi (1977) descreve que quando introduzido na massa de grãos, o cilindro permanece fechado. Atingida a profundidade desejada, em um pequeno movimento em sentido contrario promove a abertura do cilindro, possibilitando assim a coleta da amostra.

Através de inspeções na unidade armazenadora busca-se localizar as infestações de insetos a fim de determinar o grau. Além disso, são observados aspectos sob o âmbito de deterioração, focos de insetos ou roedores e problemas estruturais (ELIAS et al, 2008).

Smith (1995, Storey et al, 1982 apud Pereira; Savaldori, 2008) a detecção e controle de pragas dentro dos silos ou mesmo dentro da massa de grãos tornasse peça fundamental para um bom manejo, sendo que as estratégias de amostragem são desenhadas para detectar a primeira aparição ou crescimento de infestações na massa de grãos; entretanto, os insetos não são fáceis de serem detectados nos estágios iniciais da infestação, quando a densidade é baixa.

Para Puzzi (1977) as altas infestações são facilmente detectadas devido ao grande número de insetos presentes na massa de grãos, por grande quantidade de pós e outras características apresentadas pelo ataque de intensivo de insetos.

Por fim, para Elias et al (2008) inspeções em silos ou graneleiros são importantes para observar as condições de armazenagem, o programa sanitário, o histórico da unidade e os registros anteriores, a fim de realizar as limpezas nas instalações e, principalmente conhecer as pragas mais comuns e sua bioecologia. Além disso, dados específicos devem ser monitorados frequentemente, como a temperatura, a umidade e, a questão dos insetos propriamente dita. Sendo necessário verificar a superfície da massa de grãos, teto e paredes a procura de insetos; observando as instalações anexas ao armazenamento identificando possíveis focos e examinando elevadores, paredes e vigas.

 

Referências:

BARBERATO, C. Sem insetos grãos têm maior valor:
A adoção de um manejo integrado de pragas para grãos armazenados
garante qualidade e maior valor agregado ao produto.
2001. Disponível em: http://acd.ufrj.br/consumo/leituras/li_fpr010224.htm Acesso em: 02 Out. 2009.

ELIAS, M.C.; LORINI, I.; OLIVEIRA, M.; MORÁS, A.; SCHIAVON, R.A. Pragas e microorganismos no armazenamento de grãos e derivados. In: ELIAS, Moacir Cardoso. Manejo tecnológico da secagem e do armazenamento de grãos. Ed. Santa Cruz. Pelotas, 2008.

LORINI, I. Como manejar as pragas de grãos armazenados. 2009. Disponível em: http://www.ruralsoft.com.br/manejo/manejoExibe.asp?id=84 Acesso em: 03 Out. 2009.

LOECK, A. E. Pragas de produtos armazenados. Pelotas: EGUFPEL, 2002. 113p.

PEREIRA, P. R. V. da S.; SALVADORI, J. R. Identificação dos principais Coleoptera (Insecta) associados a produtos armazenados. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2006. 33 p. html. (Embrapa Trigo. Documentos Online, 75). Disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do75.htm Acesso em: 03 Nov. 2009.

PUZZI, D. Manual de Armazenamento de Grãos. São Paulo: Agronômica Ceres, 1977.

 

 Patrícia Menegaz de Farias possui graduação em Agronomia pela Universidade do Sul de Santa Catarina (2009). Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Entomologia Agrícola.

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/8299431329034885

Contato: patricia_menegaz@yahoo.com.br  



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

FARIAS, P.M. de  Métodos de detecção de insetos-praga em grãos armazenados. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_1/PragasGraos/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 06/03/2010