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AGRICULTURA DE PRECISÃO E A RASTREABILIDADE DE PRODUTOS AGRÍCOLAS

Fernanda de Paiva Badiz Furlaneto[1]

Leandro Moreira Manzano[2]

1- Conceito e histórico 

            A rastreabilidade é um mecanismo que permite identificar a origem do produto desde o campo até o consumidor, podendo ter sido, ou não, transformado ou processado. É um conjunto de medidas que possibilitam controlar e monitorar todas as movimentações nas unidades, de entrada e de saída, objetivando a produção de qualidade e com origem garantida (SPERS, 2003).

            Segundo Toledo (2001), o sistema de rastreabilidade pode ser informatizado ou não e deve permitir rastrear informações de diferentes tipos (referente ao processo, produto, pessoal e ou serviço) a jusante e ou montante de um elo de cadeia ou de um departamento interno de uma empresa. A rastreabilidade possibilita ter um histórico do produto, sendo que a complexidade do conteúdo deste histórico dependerá do objetivo a que se pretende alcançar. Este objetivo pode ser influenciado pelas estratégias adotadas e pelo ambiente externo em que a empresa está inserida.

            Existem dois tipos de rastreabilidade: a rastreabilidade descendente ou “rio abaixo” que consiste em encontrar o destino industrial ou comercial de um lote de produtos até o armazenamento no ponto de comercialização; e a rastreabilidade ascendente ou “rio acima” onde é possível fazer o levantamento de todos os estágios, começando de um lote de produto acabado até encontrar o histórico e a origem do lote (Rocha & Lopes, 2002).

            A rastreabilidade funciona como um complemento no gerenciamento da qualidade e quando aplicado isoladamente não traduz segurança ao produto, nem ao processo. Deve estar agregado a outros sistemas de controle de qualidade, como o HACCP (Hazard Analysis Critical Control Point) e códigos de boas práticas como o EUREPGAP (Euro Retailer Produce Working Group/ Good Agricultural Practice). O HACCP é um processo científico que enfatiza e previne os riscos de contaminação alimentar através de medidas de controle e corretivas na indústria de alimentos. Esse sistema é parte integrante da norma “Código Internacional de Práticas Recomendadas para Princípios Gerais de Higiene Alimentar”, do Codex Alimentarius, como forma de garantir a inocuidade alimentar. Já, o EUREPGAP é um protocolo normativo de boas práticas de manejo na produção de frutas e vegetais (LEONELLI & AZEVEDO, 2001).

            A rastreabilidade tornou-se mais expressiva no final da década de 90, mas já era feita, ainda que de modo incompleto, há tempos na produção animal brasileira e mundial. As fichas de acompanhamento dos lotes de frangos de corte, poedeiras e suínos são, na verdade, uma forma de rastreabilidade. Com o passar do tempo, as informações nelas contidas tornaram-se insuficientes para abranger o processo na sua totalidade.

            Com a criação dos blocos econômicos como EU, Nafta e Mercosul e o desenvolvimento dos estudos sobre a saúde pública e controle regional de algumas doenças, aumentaram as exigências dos consumidores sobre as informações dos produtos. Assim, por motivos econômicos, sanitários e políticos, produtores, países e organizações praticam os processos de rastreamento para oferecer as informações exigidas pelos consumidores e assegurar participações no mercado local, regional e global (ASSAD & ALMEIDA, 2004).

            Portanto, um sistema de rastreamento eficiente deve ser composto de normas e/ou referências da qualidade que visam garantir e preservar a qualidade final do produto, bem como permitir auditorias e vistorias periódicas em qualquer etapa da cadeia produtiva dos bens alimentares de consumos (LAZZAROTTO, 2003).  

2- Objetivos da rastreabilidade 

            A rastreabilidade tem como objetivo assegurar a procedência e qualidade dos materiais e componentes que são utilizados na fabricação de cada produto; identificar produtos diversos, que são usados em substituição aos produtos originais; permitir o retorno do produto suspeito, bem como localizar falhas e possibilitar corretivas a preço mínimo. Dessa forma, os produtos rastreados possuem um diferencial no mercado e tornam-se mais competitivos e menos sujeitos às instabilidades da globalização (CONCEIÇÃO & MENDONÇA DE BARROS, 2005).

            A rastreabilidade é primordial para os segmentos de distribuição, varejo e indústria de alimentos, pois fortalece a imagem institucional da empresa; auxilia no posicionamento da marca no mercado; estimula a concorrência através da diferenciação da qualidade; estreita relação com os fornecedores; contribui para a construção de estratégias competitivas da empresa e, com isso, define a estrutura de coordenação vertical e dá credibilidade ao fabricante (NASSAR, 2003).  

3- Certificação e rastreabilidade 

            A certificação representa um conjunto de procedimentos pelo qual uma entidade certificadora atesta que o produto atende a requisitos pré-estabelecidos. Ressalta-se que a produção certificada não garante que um produto seja rastreável, porém um produto rastreado deve passar por um processo de certificação. Portanto, a certificação de um sistema de qualidade faz parte da certificação de um produto com atributo de rastreabilidade, mas o inverso não é verdadeiro, ou seja, a certificação de um produto não faz parte da certificação de um sistema de qualidade (FACHINELLO et al., 2004).  

4- Identificação eletrônica e rotulagem 

 

            Zylbersztajn (2003) descreveu que o princípio básico de qualquer forma de identificação deve observar a singularidade da identificação do produto, ou seja, a identificação de ser única e inequívoca. Porém, a identificação, por si só, não possui nenhum significado. Ela deve estar interligada a um sistema central de armazenamento de dados, que permite o acesso a todos os elos da cadeia produtiva, inclusive para o consumidor. A rastreabilidade, portanto, é um sistema de interações entre fluxos físicos e de informações.

 

            No ano de 1996, na área de produção animal, foram criadas normas específicas (ISO 11784 e 11785) para identificadores eletrônicos utilizados em animais, apresentando um só padrão entre os fabricantes facilitando, dessa forma, a transmissão das informações. A transmissão dos dados pode ser feita através do EANCOM® EDI (transmissão eletrônica dos dados), que é relacionado ao número de identificação da unidade logística, o SSCC (código serial de unidade logística). A estrutura dos dados transmitidos por mensagem padronizada permite o reconhecimento da informação, em termos de conteúdo, significado e formato. Existem diversos modelos de leitores de identificação eletrônica, dentre eles, leitor visual; módulo de leitura estático para chips RFId; módulo de leitura portátil e leitor de código de barras (Felício, 2001).

 

            Abaixo são citados alguns exemplos de identificação eletrônica de produtos/animais:

 

a) Etiquetas: Pode conter um código de barras. É de fácil identificação. Há dificuldade de leitura quando existe sujeira no código de barras.

 

Figura 1 - Exemplos de brincos de identificação visual.
Fonte: Machado, 2000.

 

 

b) Etiquetas com códigos de barras: Cada elemento a rastrear é identificado por um código de barras. A identificação é realizada com um código interno que pode ser gerado a qualquer momento. É de grande flexibilidade e permite controlar a rastreabilidade por conteúdo do elemento identificado com a possibilidade de geração automática das etiquetas. Não permite a identificação de animais, mas sim a identificação de documentação e produtos embalados.

 

Figura 2 - Etiqueta com código de barras.

Fonte: Fontes, 2004.

 

 c) Etiquetas com Chip RFId[3]: Implantado na orelha do animal ou no produto, possui um código único. A decodificação do número se efetua com o leitor eletrônico.  É de fácil aplicação. Não se perde. Garantia de certeza, confiança e inviolabilidade da identificação. Facilmente editável ao longo de todo o processo.

 

Figura 3 - Chip RFId em produtos alimentares.

Fonte: Fontes, 2004.

 

d) Encapsulados chip RFId: O chip localiza-se dentro de uma cápsula de cristal que permite ser colocado subcutaneamente no animal/ser humano. Não se perde. Garante certeza e confiança na identificação. Todos os chips RFId utilizam sistemas de proteção de datos e password.

 

Figura 4 - Chip RFID comparado a um grão de arroz.

Fonte: Machado, 2000.

 

e) Bolo: Nesse sistema é fornecido ao animal um bolo de cerâmica com um microchip interno, com um número de identificação único. Para sua leitura é necessário um leitor eletrônico. Fácil de implantar. Não se perde. Garantia de certeza e confiança na identificação.

 

Figura 5- Bolo ruminal.

Fonte: Machado, 2000.

 

            A rotulagem num sistema de rastreabilidade visa demonstrar os registros feitos no processo produtivo buscando assegurar a qualidade do produto ao consumidor final. Atualmente, a rotulagem depende dos atributos de rastreabilidade, pois está mais voltada para questões relacionadas à segurança alimentar. Embora a rotulagem tradicional não exija rastreabilidade (MACHADO, 2000).

 

5- Processo de rastreabilidade GS1

 

            Para se conseguir uma visão geral da cadeia de suprimentos é necessária a implantação de uma linguagem comum entre todos os elos da cadeia de produção - o Sistema GS1[4]. O padrão global de rastreabilidade da GS1 é um processo que define a rastreabilidade dos processos empresariais e o gerenciamento de dados para todos os sistemas de rastreabilidade independente da tecnologia.

 

            O processo de rastreabilidade GS1 é composto de 5 sub-processos (1- Planear e Organizar; 2- Alinhar dados mestre; 3- Registar dados de rastreabilidade; 4- Requerer rastreabilidade; 5-Usar informação) e 18 passos (Passo 1- Determinar como atribuir, recolher, partilhar e manter os dados de rastreabilidade; Passo 2- Determinar como gerir as ligações entre as entradas, os processos internos e as saídas; Passo 3- Atribuir identificação ao parceiro; Passo 4- Atribuir identificação aos lugares físicos; Passo 5- Atribuir identificação aos “bens”; Passo 6- Atribuir identificação aos artigos comerciais; Passo 7- Trocar dados mestre; Passo 8- Atribuir identificação a um artigo localizável quando ele é criado; Passo 9- Associar a identificação ao artigo localizável através do transportador de identificação ou de um documento de acompanhamento, quando se dá uma transformação; Passo 10- A partir do transportador de identificação, capturar a identificação do artigo localizável ou do “bem” que o contém, quando do envio e recepção; Passo 11- Recolher, por qualquer método, todos os outros dados incluindo informação de rastreabilidade de fontes internas e externas; Passo 12- Partilhar os dados de rastreabilidade relevantes: enviar informação por qualquer método; Passo 13- Armazenar dados de rastreabilidade; Passo 14- Iniciar um pedido de rastreabilidade; Passo 15- Receber o pedido de rastreabilidade; Passo 16- Enviar a resposta ao pedido de rastreabilidade; Passo 17- Receber a resposta ao pedido de rastreabilidade; Passo 18- Atuar) (GS1, 2005).

 

            Resumidamente, o processo de desempenho da rastreabilidade pode ser visualizado na figura 6.

 

Figura 6 - Processo de rastreabilidade GS1.

Fonte: Souza, 2003.

 

6- Agricultura de precisão e a rastreabilidade de produtos agrícolas  

O sistema de agricultura de precisão (AP) envolve conceitos de uso de informações sobre a variabilidade de propriedades locais e climáticas de uma área, visando ao aumento da produtividade, otimização no uso dos recursos e redução do impacto da agricultura ao meio ambiente. Os processos e os atributos do solo que determinam o desempenho e a produção das culturas, bem como o impacto da agricultura ao meio ambiente, variam no espaço e no tempo. Por essa razão, o conhecimento da variabilidade espacial e temporal dos fatores de produção da cultura é o primeiro passo para adoção, com êxito, do sistema de agricultura de precisão (RUNGE & HONS, 1999). O ciclo da agricultura de precisão pode ser observado na figura 7.

Figura 7 - Ciclo da agricultura de precisão.

Fonte: Arvus Tecnologia, 2009.

 Neste contexto observa-se que a AP possui ferramentas importantes para o processo de rastreabilidade e torna o método mais efetivo para assegurar uma cadeia alimentar mais segura e conectar produtores e consumidores. A seguir serão apresentadas algumas ferramentas utilizadas na agricultura de precisão para a rastreabilidade de produtos agropecuários. 

a) GPS (Global System Positions) ou GNSS (Global Navagation System Satelite

O uso do GPS permite associar a informação de latitude e longitude aos dados obtidos de um local específico do campo tornando um componente essencial para a maioria das aplicações de agricultura de precisão baseadas em mapeamento do solo. Ressalta-se que as aplicações de sensoriamento em tempo real e posicionamento em tempo real são baseados no sistema GPS.

Pesquisas realizadas no sul do Brasil mostraram a eficiência do processo de rastreabilidade na produção de pêssego. Na ocasião a produção foi mapeada desde as práticas horticulturais discriminadas em cadernos de campo, localização de parcelas de colheitas por meio de um aparelho GPS até a etiquetagens de embalagens de transportes com códigos de barras, para possível identificação do lote no campo. Todas as informações geradas foram armazenadas em bancos de dados e disponibilizadas aos consumidores através de um servidor na internet, garantindo a transparência da produção (Figura 8). Em função da crescente demanda do mercado internacional e nacional por produtos de qualidade, seguros e produzidos sob condições ambientais corretas, o processo garantiu a obtenção de vantagens competitivas no mercado, devido ao aumento da qualidade do produto e a sua credibilidade (TIBOLA et al., 2008). 

Figura 8 - Rastreabilidade na cultura do pêssego.

Fonte: Tibola et al., 2008

Outra aplicabilidade do sistema de GPS está no rastreamento de produção animal (ERADUS & JANSEN, 1999). Geers et al. (1997) relataram pesquisa em suínos onde cada animal foi identificado e monitorado (temperatura corporal) durante o transporte por meio do uso de transponders, circuitos ressonantes constituídos por uma antena, um capacitor e um microchip. Esses dados foram enviados a uma central via telefone celular que, a partir de um computador localizado no caminhão transportador e, trabalhando em conjunto com um GPS (Global Position System), transmitiram os dados da temperatura corporal e da trajetória percorrida para um computador localizado no escritório (Figura 9).

 

Figura 9 - Rastreabilidade na suinocultura.

Fonte: Geers et al., 1997.

 

b) SIG (Sistemas de Informações Geográficas) e software de mapeamento 

Os dados geográficos digitais que podem ser armazenados, analisados e mostrados de diferentes maneiras, formam o núcleo da agricultura de precisão. Os pacotes de software que são usados para manusear estes dados chamados SIG, sistema de informações geográficas, estão disponíveis em uma gama de capacidades e custos. Todos os programas mostram graficamente os dados em análise.

Atualmente, estes softwares estão sendo difundidos na pecuária de precisão, onde pela integração das novas tecnologias com o conhecimento do comportamento animal pode-se reduzir impactos ambientais negativos como o sobrepastejo (LACA, 2009).   O monitoramento conjunto das diferentes atividades (pastejo, ruminação, descanso, entre outros) e de sua posição por GPS pode se tornar uma ferramenta decisiva na identificação dos componentes preferidos da dieta. Com essa informação prévia pode-se identificar e delimitar áreas de preferência, bem como promover o aumento dos componentes preferidos ou do valor percebido de um determinado sítio permitindo progressos que, num curto prazo, subsidiarão inferências mais precisas acerca do manejo da lotação e da utilização sustentável das pastagens. (LACA, 2008). Na figura 10 observa-se o monitoramento e mapeamento do pastejo de uma novilha.  

Figura 10- Novilha com IGER Behaviour Recorder, gravador com microfone e GPS (a). Na imagem (b) encontra-se a integralização das informações obtidas pelos equipamentos. A linha preta descontínua apresenta a trajetória em atividade de pastejo. As linhas claras delimitam sítios de pastejo, enquanto a linha preta retilínea define os limites do piquete.

Fonte: Laca, 2008.

 

c) Técnicas de taxa variável 

            Os aplicadores de insumos a taxa variável variam entre espalhadoras de sementes, espalhadores de fertilizantes (adubadeiras), pulverizadores de pesticidas e espalhadores de corretivos (calcalhadeiras). Os VRTs (Variable-Rate Technology) são controles especializados, que variam a quantidade de material depositado, concentração do insumo ou ainda proporção entre diferentes materiais de acordo com dados de mapas georreferenciados e unidades de comando que armazenam as informações para o plano de aplicação de insumos em cada local específico.

            Goering (1993) e Goering & Hans (1993) ressaltam que considerando a variabilidade natural dos fatores de produção é possível aplicar apenas as quantidades efetivamente necessárias em cada ponto e que, portanto, as técnicas de aplicação localizada de insumos podem tornar-se importante ferramenta para uma agricultura voltadas para a sustentabilidade econômica e ambiental.

            Na figura 11 verifica-se o comparativo entre os diferentes métodos de aplicação de insumos, taxa fixa e taxa variada, em um experimento conduzido na Usina Jales Machado-GO, onde se utilizavam insumos com doses fixas. O uso da aplicação segundo critérios localizados e detalhados possibilitou redução no uso destes insumos sem causar queda na produtividade (MENEGATTI et al., 2006). A técnica mostrou ser uma ferramenta capaz de racionalizar o uso de insumos promovendo uma agricultura racional e ambientalmente correta.   

Figura 11- Consumo real de calcário em taxa variada comparado ao consumo estimado em taxa fixa na operação de aplicação de fósforo, ano 2004, Usina Jales Machado/GO.

Fonte: Menegatti, 2006.

 

d) Sistema de mapeamento 

            Os sistemas de mapeamento da colheita são capazes de armazenar as informações relativas à produtividade durante o processo da colheita, georreferenciando os dados e adicionando as características da safra colhida. Os mapas resultantes mostram explicitamente as áreas de variação de produtividade, como a produtividade é o fator determinante nas decisões de gerenciamento, estes mapas são usados para ratificar as decisões de gerenciamento e manejo do campo. Além do mapeamento de colheita, as ferramentas disponíveis na agricultura de precisão possibilitam também o mapeamento de plantas daninhas e em determinadas circunstâncias o mapeamento de pragas e doenças.

Desde 1992, a colheita de grãos tem sido mapeada nos EUA usando sensores de massa e sistemas GPS para armazenar a posição. Estes sensores medem a umidade dos grãos, a mistura dos tipos de grãos e a colheita por área, determinado a quantidade de grãos da produtividade por acre.

            Na figura 12 são apresentados exemplos de mapeamentos de colheita e de plantas daninhas, que disponibilizam dados para o processo de rastreabilidade fornecendo subsídios para o uso racional de agroquímicos.

Figura 12- Exemplos de mapeamentos, colheita e de plantas daninhas realizados na agricultura de precisão.

Fonte: Shiratsuchi, 2001.

 

7- Vantagens e custos da rastreabilidade 

            A rastreabilidade proporciona vantagens para os consumidores, setor privado e setor público. Os consumidores podem obter produtos com maior segurança alimentar, pois a rastreabilidade possibilita a retirada de produtos do mercado em caso de uma situação de risco. Ao setor privado e público possibilita o diagnóstico de problemas e falhas técnicas e sanitárias em todas as fases produtivas permitindo dessa forma agilidade na tomada de decisão do produtor/fabricante visando evitar maiores prejuízos aos consumidores.

 

            Os custos acrescidos aos produtos em decorrência da rastreabilidade são difícies de serem estimados, contudo pode-se afirmar que esses valores recaem sobre todos os agentes da cadeia alimentar de uma forma desproporcional dependendo do poder do mercado, o que reflete a capacidade de transferir custos. A magnitude destes valores varia significativamente entre setores e entre agentes dependendo do tipo de tecnologia usada, da quantidade de informação envolvida e da complexidade da cadeia alimentar (FONTES, 2004).

 

8 - Considerações finais

 

            A rastreabilidade é fundamental em indústrias agro-alimentares, tendo em vista a obrigatoriedade de implantação de sistemas de qualidade. Já, no setor rural, a rastreabilidade é uma ferramenta eficaz de gestão do agronegócio, pois possibilita a otimização do uso de maquinários, implementos e insumos agrícolas e permite, com rapidez, a identificação de procedimentos técnicos deficientes no sistema de produção por meio da disponibilização de informações atuais e complexas de toda a empresa rural.

 

            No processo de rastreabilidade, a agricultura de precisão é um mecanismo suporte para direcionamento dos processos produtivos visando melhorar o desempenho técnico e econômico do empreendimento, bem como a qualidade da produção.

 

9- Referências Bibliográficas 

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[1] Pesquisadora Científica, Mestre, APTA Centro Oeste Paulista, UPD de Marília, Marília-SP, E-mail: fernandafurlaneto@apta.sp.gov.br.

[2] Engenheiro Agrônomo, Botucatu- SP, E-mail: lmmanzano@fca.unesp.br.

[3] RFID (Radio-Frequency Identification) significa identificação por rádio frequência. Trata-se de um método de identificação automática por meio de sinais de rádio, recuperando e armazenando dados remotamente através de dispositivos chamados de tags. 

[4] GS1 é uma organização internacional dedicada ao desenvolvimento e implementação de normas e soluções globais que contribuem para ganhos de eficiência e visibilidade nas cadeias de valor em todos os setores de atividade.



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

FURLANETO, F.P.B.; MANZANO, L.M.  Agricultura de precisão e a rastreabilidade de produtos agrícolas. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_2/AgriculturaPrecisao/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 10/06/2010