A energia do tucumã no Prosa Rural
O tucumã (Astrocaryum
aculeatum),
encontrado principalmente no Amazonas, no Pará e no Amapá, é uma das
frentes de estudos da Embrapa para se tornar uma alternativa de
fonte de energia renovável. “Tucumã e seus coprodutos” é o tema do
programa Prosa Rural, produzido pela Embrapa Informação Tecnológica,
que vai ao ar de 03 a 09 de junho na região Norte. Em uma grande rede, coordenada pela Embrapa,
cientistas estão trabalhando para tornar o tucumã comercialmente
viável. No Prosa Rural, pesquisadores da Embrapa Agroenergia
(Brasília/DF), Amazônia Oriental (Belém/PA) e Amazônia Ocidental
(Manaus/AM), falam sobre a produção de mudas, banco ativo de
germoplasma, seleção de sementes, ponto de colheita e a qualidade do
óleo.
O fruto do tucumanzeiro é tradicionalmente utilizado na alimentação
humana, tanto in natura (consumo da polpa do fruto), quanto
para fabricação de sorvetes, de cremes e de doces. Além disso, o
azeite, rico em Vitamina A, é também utilizado na alimentação
humana. Em algumas localidades no estado do Pará existe um uso
bastante interessante do tucumã relacionado ao artesanato, pois o
mesmo é usado na produção de cestas, de anéis e de outros adornos.
Em suma, os usos dessa palmeira estão relacionados à alimentação
principalmente no estado do Amazonas, e ao artesanato, no estado do
Pará.
Tucumã para energia
“Dada a qualidade do óleo que é extraído do tucumã, pode-se também
produzir biodiesel a partir desse óleo”, conta o engenheiro agrônomo
e pesquisador da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso.
Além do óleo, outra alternativa para aproveitamento do tucumã
para fins energéticos é a queima dos cachos do tucumã em caldeiras
para a geração de energia elétrica (processo de cogeração).
Alonso explica que, para que a exploração do tucumã se torne
realidade para fins agroenergéticos, deve-se investir em Pesquisa,
Desenvolvimento & Inovação A espécie ainda está em domesticação e
sua exploração atualmente ocorre de maneira extrativista. Nesse
sentido, a Embrapa vem pesquisando o tucumã há alguns anos por meio
de vários projetos. Um deles é a rede PROPALMA, financiada pela
Finep, e que se concentra em quatro palmeiras: a macaúba, o inajá, o
babaçu e o tucumã, selecionadas devido sua densidade energética. A
rede tem por objetivo iniciar o processo de domesticação dessas
espécies além de resolver gargalos tecnológicos para sua plena
exploração.
A rede vem buscando soluções tanto para a questão da germinação
quanto para a produção de mudas do tucumã do Amazonas.
“De uma maneira
geral todas as plantas de tucumã, têm um sério problema de
germinação porque a semente é dura, além de apresentar um endocarpo
muito grosso. Isso em condições naturais resulta em um baixo índice
de germinação”, salienta
Jéferson Macedo, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental. “Sem um
sistema eficiente de produção de mudas não é possível disponibilizar
material que possa ser plantado e efetivamente explorado
pelos produtores,”, afirma
Macedo.
No âmbito do PROPALMA
vêm sendo
desenvolvidas técnicas que o agricultor posteriormente poderá
utilizar para produzir mudas a partir do tucumã do Amazonas. No
Prosa Rural, Jéferson Macedo descreve o passo a passo. As mudas
Da equipe da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, Walnice
Nascimento, também fala sobre outra tecnologia (propagação por
perfilho) que vem sendo desenvolvida para resolver a questão
relacionada à produção de mudas.
“Esta técnica de
propagação de perfilho é a mais viável e é a que nós estamos
recomendando para o produtor interessado em produzir mudas”, diz a
pesquisadora. Cerca de 6 a 8 meses após a retirada do perfilho da
base da planta matriz, pode-se conseguir uma muda, enquanto via
sementes leva-se em torno de 2 anos. A Embrapa Amazônia Oriental desenvolve também
trabalhos relacionados à prospecção, enriquecimento e implantação de
um banco de germoplasma
para o Tucumã. O objetivo do estabelecimento desta coleção é
permitir a seleção de tucumanzeiros adequados para o mercado de
óleo.” relata a pesquisadora Maria do Socorro Padilha. Além da
ampliação do banco e da seleção dos tucumanzeiros de maior
interesse, os pesquisadores estão elaborando uma espécie de “álbum
de família”, chamado de manual de caracterização A colheita As pesquisas com o tucumã não estão concentradas
somente em melhoramento genético. A Embrapa desenvolve também, por
meio da rede PROPALMA, pesquisas na área de agroindústria. “Estamos
atuando em duas linhas que são a determinação do ponto ótimo de
colheita e da qualidade do óleo, após a colheita do fruto”, declara
o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Marcos Enê de Oliveira.
No caso do ponto ótimo de colheita, o objetivo é determinar quando
os frutos estão com o teor de óleo ótimo, de forma que quem colhe
nessa condição maximiza a produção de óleo, evitando
consequentemente prejuízos decorrentes da colheita de um cacho com
pouco óleo. Em termos de pós-colheita, o objetivo dos trabalhos é
determinar o período ótimo de processamento do cacho após a
colheita. Uma vez que o processamento for otimizado, garante-se a
extração de óleo de excelente qualidade. Com o desenvolvimento dessas e de outras
tecnologias, espera-se, em médio a longo prazo, que produção da do
Tucumã possa ser realizada em de modo economicamente viável em larga
escala, reforça Alexandre Alonso. Além disso, ao buscar alternativas
de aproveitamento econômico para os coprodutos e resíduos dessa
espécie, espera-se que o tucumã seja cultivado não apenas para
suprir o atual mercado alimentício e o crescente mercado de
biodiesel, mas também para suprir potenciais mercados de novos
químicos de maior valor agregado. Quem tiver interesse em escutar o Prosa Rural
“Tucumã e seus coprodutos” pode acessar o link: http://hotsites.sct.embrapa.br/prosarural/programacao/2013/tucuma-e-seus-co-produtos/PGM_18_N_TUCUMA_E_SEUS_CO_PRODUTOS.mp3
Daniela Garcia Collares Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte Dados para citação bibliográfica(ABNT): COLLARES G. D.; A energia do tucumã no Prosa Rural 2013. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2013_2/tucuma/index.htm>. Acesso em: Publicado no Infobibos em 28/06/2013 |