Pesquisadores vão mapear castanhais nativos e caracterizar sistemas
de produção extrativista da castanha-do-brasil Bela e imponente, a castanheira-do-brasil (Bertholletia
excelsa) é uma das árvores-símbolo da Amazônia, e tem
merecido atenção especial da pesquisa devido à sua importância
social, ecológica e econômica. Com o objetivo de conhecer melhor
diversos aspectos relacionados à castanheira e ao seu ambiente
natural, um grupo de pesquisadores está iniciando um projeto
audacioso, que pretende mapear e modelar a ocorrência de castanhais
nativos da Amazônia brasileira, por meio de geotecnologias, e
caracterizar as relações sociais e econômicas de sistemas de
produção, a fim de contribuir para o fortalecimento da cadeia de
valor da castanha-do-brasil. O projeto conta com nome e apelido: Mapeamento
de Castanhais Nativos e Caracterização Socioambiental e Econômica de
Sistema de Produção de Castanha-do-Brasil na Amazônia ou,
simplesmente, MapCast. O trabalho contempla atividades em seis
Estados da região norte – Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima e
Rondônia – e em um do centro-oeste, o Mato Grosso. Atualmente não
existe um mapa geral da ocorrência da castanheira na Amazônia
brasileira e os estudos sobre a distribuição espacial dos castanhais
podem ser cruciais para a definição de estratégias de manejo e
conservação da espécie. Mas a tarefa não é fácil. Devido à grande
diversidade florística existente nas florestas tropicais, um dos
desafios principais dos pesquisadores é realizar a identificação das
castanheiras no ambiente natural, onde podem estar acompanhadas de
uma multiplicidade de até 300 espécies por hectare. Para isso, o
projeto prevê a utilização de dados oriundos de tecnologias digitais
modernas, como sensores remotos de alta resolução e tecnologia de
laser scanner. Os pesquisadores também pretendem responder de
que forma fatores como o clima, solo, diversidade e topografia,
dentre outros, podem influenciar a ocorrência e abundância das
castanheiras e a produção de frutos.
Caracterização socioambiental e econômica Um dos objetivos do MapCast é realizar a
caracterização socioambiental e econômica de sistemas de produção da
castanha-do-brasil. Para isso, os pesquisadores vão buscar conhecer
melhor alguns dos atores que compõem a cadeia produtiva, colhendo
informações importantes desde a produção até a comercialização do
produto. Hoje, mais de 55 mil pessoas têm seu sustento baseado no
extrativismo da castanha, o que gera a necessidade de conhecimentos
sobre os diferentes tipos de organização social das comunidades
extrativistas e de suas relações com as áreas onde são coletadas as
castanhas. Outra ação importante do projeto é definir quais são os
principais fatores formadores do preço do produto nas regiões
estudadas. De acordo com a pesquisadora da Embrapa Amazônia
Ocidental (Manaus/AM), líder do projeto, Kátia Emídio, o trabalho
terá a duração de 48 meses, e as informações coletadas durante o
período serão importantes para o avanço do conhecimento sobre a
castanheira. “Em especial nos aspectos relacionados ao seu ambiente
natural de ocorrência, os principais sistemas de produção
extrativista atualmente existentes, sendo os mesmos fundamentais
para a adaptação e recomendação de práticas de manejo adequadas às
particularidades das regiões da Amazônia, e o fortalecimento da
cadeia de valor da castanha-do-brasil”, destacou.
Instituições participantes O projeto MapCast, desenvolvido em rede com um
grupo multidisciplinar de pesquisadores, é liderado pela Embrapa
Amazônia Ocidental, Unidade descentralizada da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária. A equipe conta com representantes de outras
Unidades da empresa, como a Embrapa Agrossilvipastoril (Mato
Grosso), Embrapa Amapá, Embrapa Acre, Embrapa Amazônia Oriental
(Pará), e Embrapa Roraima, além de outras instituições, como o
Instituto Chico Mendes, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia,
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico,
Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do
Amazonas (Idam), Universidade Federal do Acre, Universidade Federal
de Viçosa, Universidade de Brasília e Universidade Federal do Amapá.
O MapCast integra o Arranjo de projetos da Embrapa intitulado
“Tecnologias para o fortalecimento da cadeia de valor da
castanha-do-brasil – TechCast”, que objetiva trabalhar aspectos
ligados à conservação, manejo, comunicação e oportunidades de
mercado, visando a melhoria na eficiência produtiva da castanha e o
desenvolvimento social e econômico da Amazônia.
Castanheira-do-brasil
A castanheira-do-brasil ocorre em terras altas de toda a Bacia
Amazônica. Além do aproveitamento dos frutos, a árvore tem aptidão
madeireira, mas só pode ser explorada dessa forma em plantios, já
que integra a lista do Ibama como espécie vulnerável. Em seu
ambiente natural, as
castanheiras atingem até 50 metros de altura, sendo uma das espécies
mais altas da Amazônia. O fruto da castanheira (ouriço) tem o
tamanho aproximado de um coco e pode pesar cerca de dois quilos.
Possui casca muito dura, e abriga entre oito e 24 sementes, que são
as apreciadas castanhas-do-brasil. Caso não sejam consumidas, as
sementes demoram de 12 a 18 meses para germinar. Muitas delas são
plantadas por cutias, que comem algumas das sementes e enterram as
outras para comer mais tarde. As sementes esquecidas brotarão da
terra para começar um período de vida da castanheira que pode chegar
a até 500 anos.
Felipe Rosa
Jornalista - Embrapa Amazônia Ocidental Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte Dados para citação bibliográfica(ABNT): ROSA, F., Pesquisadores vão mapear castanhais nativos e caracterizar sistemas de produção extrativista da castanha-do-brasil 2014. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2014_1/castanhais/index.htm>. Acesso em: Publicado no Infobibos em 24/04/2014 |